Resenha Do Filme Uma Mulher Comum: O Que Esperar do Novo Drama Psicológico da Netflix

   

   Se você é fã de filmes que te prendem do início ao fim e te fazem questionar a realidade, prepare-se para "Uma Mulher Comum" (título original: "A Normal Woman"). Este filme indonésio estreou na Netflix em 24 de julho de 2025 e já está dando o que falar.

   A trama mergulha na vida de Milla, uma socialite que, à primeira vista, tem uma existência perfeita. No entanto, sua vida impecável começa a ruir quando ela é atingida por uma doença misteriosa e sem diagnóstico. À medida que os sintomas se intensificam, Milla se vê diante de um mistério muito maior, que a obriga a confrontar seu passado e a verdadeira essência de sua identidade.

   Dirigido por Lucky Kuswandi e estrelado por Marissa Anita, Dion Wiyoko e Gisella Anastasia, o filme explora temas complexos como a pressão social, a incessante busca pela perfeição e a delicada questão da saúde mental. Prepare-se para um drama psicológico que promete mexer com suas emoções e percepções.

   Os Véus da Aparência e a Sombra da Manipulação em "Uma Mulher Comum"

   A complexa teia de relacionamentos e manipulações é um dos pilares de "Uma Mulher Comum", e a figura da sogra de Milla, Liliana, é central nessa dinâmica. Liliana exerce uma pressão implacável não só sobre Milla, mas também sobre seu próprio filho, o marido de Milla. Ela é controladora e exigente, esperando que ele mantenha o status social da família e lide com a "doença" de Milla de uma forma que preserve a imagem impecável. Liliana o vê como o pilar da família, e suas expectativas moldam o comportamento dele, colocando-o em uma posição delicada entre a lealdade à mãe e o apoio à esposa.

   Essa pressão se manifesta de várias formas. Primeiramente, ele é obrigado a manter as aparências e o status social, já que Liliana é obcecada pela imagem da família. Qualquer problema, como a condição de Milla, é visto como uma ameaça direta à reputação. O filho, então, é pressionado a gerenciar a situação de Milla para que ela não "desonre" o nome da família. Em segundo lugar, há a expectativa de que ele seja "o homem da casa" e resolva todos os problemas. Ele precisa ser forte, racional e capaz de "curar" Milla, seja através de tratamentos caros ou de controle. Por fim, Liliana o força a ignorar ou minimizar os problemas reais. Em vez de confrontar o sofrimento de Milla ou as revelações de seu passado, a sogra prefere que ele e todos ao redor varram os problemas para debaixo do tapete, mantendo a narrativa de que Milla está "doente" ou "delirando" em vez de lidar com a verdade perturbadora sobre sua identidade e seus traumas. Essa pressão contínua aprisiona o marido de Milla entre a mãe e a esposa, criando um ambiente ainda mais opressor para Milla e dificultando sua busca pela verdade e pela cura.

   O Enigma do Amor e a Identidade Imposta:

   A forma como o marido de Milla se apaixonou por ela e como Milla "aceitou" sua nova história são aspectos cruciais da trama, permeados pela manipulação e pelas aparências. O filme não detalha um romance espontâneo entre Milla e seu marido; pelo contrário, sugere que o relacionamento se desenvolveu sob a influência ambiciosa da mãe de Milla. Ele parece ter se apaixonado pela imagem que Milla representava: uma mulher sofisticada e de boa família, ideal para o status social que ele e sua mãe buscavam. O amor dele, portanto, parece ser mais uma questão de conveniência social e fachada do que de um conhecimento profundo da verdadeira Milla.

   Quanto à "aceitação" de Milla de sua nova identidade, ela não foi uma escolha. Milla foi uma vítima de manipulação e coerção desde muito jovem. Após um acidente que a desfigurou, sua mãe a forçou a assumir uma nova aparência e uma identidade fabricada. Ela foi criada sob essa narrativa falsa, sem memórias de sua vida anterior como Grace Camilla. Sua "doença" e suas alucinações são, na verdade, o seu subconsciente lutando para processar o trauma reprimido e a verdade de sua identidade original. Ela não aceitou a história; ela foi condicionada a viver e acreditar nessa realidade imposta.

   Os Remédios e a Perda da Realidade:

   O filme não especifica nomes de remédios, mas insinua que Milla é medicada para suprimir suas memórias e sua verdadeira identidade, e não para tratar uma condição física real. Esses "remédios" são provavelmente sedativos, ansiolíticos ou outros psicofármacos administrados para manter a amnésia e impedir que as memórias de sua vida como Grace Camilla retornem. Eles também servem para controlar seus "sintomas", já que suas alucinações e a sensação de doença são reações de sua mente e corpo à verdade reprimida. Os medicamentos abafam essas manifestações, mantendo-a sob controle e perpetuando a ilusão de que ela está doente. Contudo, essas substâncias contribuem para o seu sofrimento, deixando-a mais debilitada e dificultando sua busca pela verdade.

   O Encontro Orquestrado: 

   A narrativa de "Uma Mulher Comum" foca nas consequências da falsa identidade de Milla e em sua jornada de autodescoberta. O filme não mostra explicitamente como Milla e Joh (seu marido) se conheceram. No entanto, é fortemente implícito que a mãe de Milla, impulsionada por sua ambição e um plano de ascensão social, orquestrou o encontro e a união do casal. Dada a criação de Milla sob uma identidade fabricada para se encaixar em um círculo social específico, é muito provável que sua mãe a tenha apresentado a Joh. Ele, sendo de uma família com status e influência, seria uma "partida" ideal para consolidar a nova posição social almejada pela mãe de Milla. A ausência de uma cena de encontro tradicional reforça a ideia de que o relacionamento deles não surgiu de um romance orgânico, mas sim de uma conveniência social e um arranjo estratégico da mãe de Milla.

    A Amiga de Infância: Uma Sombra no Passado de Milla:

   Antes de chegarmos à conclusão, é crucial destacar um elemento que adiciona uma camada ainda mais sombria à trama de "Uma Mulher Comum": a figura da "amiga" de infância de Milla. Embora a narrativa possa não aprofundar explicitamente suas ações, é perceptível como ela se mostra discretamente perversa diante da nova e perturbadora realidade de Milla e dos segredos do passado.

   Essa personagem atua como um lembrete constante da vida que Milla foi forçada a abandonar. Ela não apenas guarda o conhecimento da verdadeira identidade de Milla (Grace Camilla), mas também parece se deleitar, de forma sutil, com a fragilidade e a confusão da protagonista. Sua presença, muitas vezes enigmática, serve para reforçar a sensação de isolamento e paranoia de Milla. Ela representa a testemunha silenciosa de um crime contra a identidade, e sua postura ambígua pode ser interpretada como uma forma de manipulação psicológica, mantendo Milla presa em sua própria teia de mentiras e traumas. A "amiga" é um elo com o passado que Milla não consegue acessar, e sua atitude sugere uma cumplicidade ou, no mínimo, uma indiferença calculada diante do sofrimento de Milla, tornando-a uma figura ainda mais intrigante e, de certa forma, cruel. Ela personifica a sombra do que Milla perdeu e a ameaça constante de que a verdade possa ser revelada, não para libertá-la, mas para desestabilizá-la ainda mais.

   Conclusão:

"Uma Mulher Comum" se revela um drama psicológico instigante, que mergulha nas complexidades da identidade, da manipulação familiar e das profundas consequências de viver uma vida baseada em aparências. É um lembrete sombrio de como a busca pela perfeição pode desmantelar a própria essência de uma pessoa, tornando a verdade o único caminho para a liberdade.


  Ficha Técnica e Onde Assistir:

  Duração: O filme tem uma duração de aproximadamente 1 hora e 40 minutos (100 minutos), tempo suficiente para desenvolver sua intrincada trama psicológica sem se tornar maçante.

  Direção: A mente por trás dessa história é Lucky Kuswandi, conhecido por sua sensibilidade em dramas com toques de suspense.

  Roteiro: O roteiro, que desvenda as camadas de memória e identidade de Milla, também é assinado por Lucky Kuswandi, o que garante uma visão coesa entre a escrita e a direção.

  Elenco Principal: O trio central que dá vida a essa complexa narrativa é composto por:

    Marissa Anita como Milla (ou Grace Camilla), a protagonista atormentada por seu passado.

    Dion Wiyoko como o marido de Milla, preso entre a esposa e a mãe.

    Gisella Anastasia no papel de Liliana, a sogra controladora.

  Onde Assistir: "Uma Mulher Comum" está disponível exclusivamente na Netflix. Lançado em 24 de julho de 2025, você pode assisti-lo a qualquer momento, desde que tenha uma assinatura ativa da plataforma.

   Por Que Assistir?

   Além dos temas já explorados de pressão social, busca pela perfeição e saúde mental, o filme se destaca por:

  Atuação Impecável: Marissa Anita entrega uma performance poderosa e comovente, transmitindo a confusão e o desespero de sua personagem de forma visceral.

  Atmosfera Intrigante: A cinematografia e a trilha sonora contribuem para criar uma atmosfera de suspense e mistério, mantendo o espectador engajado na busca pela verdade de Milla.

  Reflexão Profunda: O filme convida à reflexão sobre a importância da identidade, as consequências da manipulação familiar e o custo de viver uma vida baseada em mentiras e aparências. É uma obra que certamente provocará discussões e análises sobre o que realmente significa ser "normal".




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